domingo, 26 de outubro de 2008

Assim eu...

Assim feita menina de mãos vazias, alma desocupada e coração para arrendar...
Assim feita mulher que sabe o que quer, mas na verdade e bem no fundinho da caixinha coração não sabe...
Assim sem ser uma coisa ou outra plenamente... Perco-me no que quero, no que sonho e no que espero que a vida me traga como surpresa!
Eu que sou pequenina e espero um conto de fadas... Eu que sou grandinha e não acredito em sapos enfeitiçados ou historinhas cor-de-rosa...
Assim feita menina que perdeu o peluche de estimação e não sabe o que fazer...
Assim feita mulher que sabe sempre qual o caminho, pois sabe interpretar mapas...
Assim sem ser pequenina ou grandinha, procurando o papel em que me sinto melhor...
Um dia sei que vou acordar e saber ao certo o que sou e como sou... Acho que quero ser pequenina pois não preciso de responder a nada e posso perguntar o que quiser.
Ou então quero ser grandinha, pois assim vou poder ser eu a escrever a história e a desenhar o mapa.
Assim feita menina que não suporta o vestinho cor-de-rosinha e só quer poder jogar à bola e poder desmanchar os caracóis perfeitos do meu cabelo...
Assim feita mulher que não suporta as horas, o trânsito e o ter que responder sempre a tudo...
Assim sem saber muito bem quem quero ser, fico à espera de ver mais qualquer coisa no final da rua... no final do túnel e desta caminhada que parece não ter mais fim.
Assim eu... sem saber!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Velocidade

A velocidade sempre me assustou...
Por isso deixei de correr as ruas com tempo em cima de mim... Com um pedal demasiado pesado em que me forço constantemente para poder alcançar quem vai mais à frente.
Não... Não corro mais, não passo dos 50 km/h e recuso-me a passar vermelhos...
Se um segundo é demasiado tempo, então eu deixo de querer seguir-te...
Se só tu sabes o caminho e eu preciso de seguir-te para voltar a encontrar-te, então esquece.
Prefiro continuar em passo lento, em ritmo constante e saber que não vou deixar consumir-me pelo tempo que nos rouba tanto de nós!
Esse tempo louco e desenfreado que nos faz sentir que um dia não chega para viver tudo... Em que um dia não serve sequer para guardar o silêncio que as nossas palavras precisam para não se esgotarem.
Não quero olhar de segundo em segundo para o relógio... Não quero contar os minutos esperando que eles cheguem para nos salvar. Não se salva o que tem pressa em fugir de uma solução, sabias?
As palavras tornaram-se rápidas demais, bem como os gestos, os toques e as noites que deixavámos reservadas para nós...
Sempre detestei as velocidades e sinceramente não quero mesmo correr mais...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Num dia como este..

Fico simplesmente à espera do dia em que resolvas desaparecer, assim no meio da multidão e no meio da chuva que caí sem parar.
Num dia de chuva, num dia como este em que sei que me fazes imensa falta... Assim num dia chuvoso e frio em que o teu corpo me dá temperatura, em que as tuas palavras aquecem o meu coração e o teu sorriso desvenda um pequenino raio de sol!
Assim como podes ir embora se logo hoje está a chover muito e eu preciso que por cá fiques mais uns minutos, horas, dias e meses?
Hoje estou melancólica e preciso do teu abraço, aquele que me devolve tanto do que tenho perdido com o passar dos dias... tanto do que me roubam a cada minuto... Simplesmente à procura de uma salvação para tudo isto... simplesmente porque preciso de me sentir em casa e de me sentir real...
Num dia como este em que quero apenas que deixe de chover e que tu não penses em ir embora...

sábado, 4 de outubro de 2008

E se...

Meu querido, hoje acordei com uma angústia tremenda.
Pensei como seria se já não restasse um pedacinho de luz em nós...
E se o tempo se acabasse e nós não tivessemos tempo para dizer aquilo que nos une?
E se a tua vontade determinasse que não me querias mais do teu lado, pronta para mais uma jornada?!
E se o som que ouvimos dentro de nós quando estamos juntos se transformasse em ruído e palavras ocas?
E se um dia acordassemos em camas separadas, cada qual com uma almofada vazia?
E se o toque deixasse de acontecer? E a minha pele nunca mais sentisse a tua e ficasse condenada a temperatura baixa...
Se os passos que deste, as tuas decisões fossem erradas e tivesses disposto a arriscar-nos?
E se decidisses que não haveriam mais palavras quentes e com sentido... Se decidisses que nada disto vale a pena e que apenas queres sentir-te só.
Se naquele dia não tivesses decidido tentar, seguir o teu coração?
Meu querido, que angústia nasceu num sonho e passou para o meu coração. Por isso, peço-te diz-me, apenas mais uma vez quando eu adormecer, que me queres do teu lado e que tudo o que somos permanece inalterável!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Interior de uma caixinha coração

Às vezes precisamos de coragem para dizer o que trazemos na nossa caixinha coração. Eu várias vezes te falei de coração mas nunca sobre o que tinha no coração. Nunca contei-te as minhas preocupações e angústias, muito menos o medo que sinto de pensar que talvez um dia não me queiras a teu lado.
Eu que sou uma tonta apaixonada, sem qualquer tipo de inteligência emocional e sem qualquer vontade de a ter... Eu que penso no "e se" e deixo-me viajar por todo um campo de possibilidades que em instantes roubam-me o sorriso. Sim este sorriso que o sinto temporário e escasso na minha face.
Agora o relógio marca o momento ideal para te falar do que trago na minha caixinha coração... Esta caixinha que sente que não deve ficar à espera de que te decidas, que não tolera a tua dúvida e que reclama a certeza mais que certa de que sou eu quem queres. Por isso vou-te falar de coração e sobre ele:
"Não quero ficar em segundo lugar, não quero que sejas tu a dizer que não queres mais, não quero silêncios, não suporto a ausência, não suporto a dúvida e não quero precisar de uma certeza como a tua para continuar a respirar. Com toda a calma e tranquilidade, digo-te que não quero mais ficar assim, ansiosa e perdida. É um risco que corremos desde o início, mas eu sei que não o quero mais. E se um dia eu perder a possibilidade de ser a primeira, de ser a única e de ser a certeza de alguém?
Não entendas isto como pressão sequer como um pedido para que tomes uma decisão, apenas entende isto como a boa jogada de um jogador com bastante fair play e com bom timing... Sou eu que vou embora e não é por não querer, é simplesmente por querer demais. Demais da conta do que podes dar ou queres dar... Eu sou assim..."

E agora, chega de "e se?"