quarta-feira, 30 de julho de 2008
Para ti...
Falas comigo bem calmamente e mesmo quando fica apenas o silêncio, a minha cabeça sabe que pode descansar no teu ombro...
Não há cenário paradisíaco nem sequer uma paisagem romântica... Nunca fomos de romantismos! Somos mais companheiros, amigos e eu acho mesmo que somos o porto de abrigo um do outro!
Somos mais de ficar abraçados, em silêncio ou simplesmente a dizer as maiores parvoíces do mundo! Quando paramos com essas brincadeiras, deixa que te diga eu adoro esses momentos... momentos em que ficamos calados, abraçados e cada um a pensar na sua vida... Vidas tão diferentes e tão distantes... Almas tão diferentes... mas mesmo assim, encontramo-nos no conforto desta ilha que fizemos só nossa... não é amor, nem paixão...
É uma amizade daquelas que dura uma vida inteira, mesmo que seja apenas em lembrança... até porque um dia o mundo lá fora não vai deixar que regressemos a esta ilha....
Mas este sentimento de me sentir em casa, vai cá estar sempre....
Este sentimento de me sentir em casa a olhar para uma paisagem comum e ter um ombro onde possa descansar a minha cabeça e chorar as minhas tristezas...
Para ti que tens um lugar demasiado especial, porque me fazes rir, porque te preocupas comigo... obrigado!
domingo, 27 de julho de 2008
Senhora e Dona
Farta de ouvir opiniões não pedidas de pessoas que nada importam, mas que pensam que sim!
Rcebendo instruções que não vou acatar sobre o curso do meu próprio destino!
Pensando que sou dona da minha liberdade e que assim vou continuar a ser... Seguro bem o volante e sigo em frente, mesmo não conhecendo o caminho!
Cansada de falsas convenções e moralismos de pessoas que não saber sequer admitir que erraram e os erros dos outros... Exausta de julgamentos morais que eu sei que não levam ninguém a lado nenhum, mas que os deixam felizes porque poderam falar!
Com a alma livre, afasto tudo isto e sigo em frente... Afinal sou dona e senhora da minha vida, dos meus dias, dos meus pensamentos e até dos meus sentimentos!
sábado, 26 de julho de 2008
Despedida em dia de chuva
Uma música que passa vezes sem conta no auto-rádio...
As mesmas expressões faciais, desde o momento de saída de casa...
Vestindo as roupas mais tristes que guardavam os armários...
Encosto a minha cabeça ao vidro... Sinto-me melancólica e nostálgica...
Não sei se é do tempo que se vestiu o dia...
Acho que pode ser desta chuva...
Ou então, é a tua falta...
Cheguei à tua nova casa... rodeada de silêncio e tristeza...
Toda a gente veste a tristeza nas suas caras...
Tu estás aqui apenas em lembrança e resta de ti um corpo morto, vestido com a tua melhor roupa...
Lembro de ti... do teu sorriso... das longas conversas... dos passeios durante a madrugada... lembro-me de que gostavas do verde e não do preto... Por isso hoje vesti aquela camisola que me deste... verde...
Parece que acordei num pesadelo e que não consigo sair daqui... quero adormecer num sonho e estar contigo, abraçar-te e saber-te aqui, ainda do meu lado...
Chegou a tua hora... a hora de te esconderes do mundo e descansares longe de nós... Não consigo ficar ali a assistir ao final de tudo, recusando-me um pouco a acreditar no final... Sempre achei que a nossa história seria interminável...
Deixo contigo a primeira flor que me deste... o primeiro beijo... a primeira emoção sentida...
Entro no carro e assisto à despedida.... como custa demais dizer adeus... saber que não vais voltar... saber que não é apenas uma distância causada por uma discussão tola!
Continua a chover, as gotas da chuva caiem na minha janela ao mesmo ritmo que caem as minhas lágrimas na minha face... Perco o meu olhar no longíquo... deixo a minha mente viajar até ao horizonte... No final, apenas resta um vazio e este silêncio...
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Comboio até Casa
Já não vejo em mim a menina apaixonada que saltava para o teu colo e bebia os teus beijos...
Esta viagem de regresso a casa não é bem o que imaginamos! Está a ser tão dificil ter que voltar a encontrar o momento em que paramos a nossa história, prometendo retomá-la quando chegasse este dia... mas porquê tanto medo? Foi o que tinhamos planeado, mas e agora?
Lembro de chorar no teu colo quando me sentia perdida... de adormecer no teu colo quando me sentia segura... de tocar o teu corpo com a ansiedade característica de menina apaixonada... Tu que eu sempre soube que eras o meu princípe! Sim, eu acreditava em princípes, mas apenas num... em ti!
O barulhos do carris interrompe o meu pensamento e lembra-me que estou a chegar a casa... começo a reconhecer a paisagem... a cidade cinzenta e agitada! Os carros que andam em marcha lenta na outra ponte, que passa por cima do rio... aquele rio em que costumavamos admirar a figura da lua!
Começa a abrandar cada vez mais este comboio... lentamente vai parando e ouve-se aquele apito! Aquele apito que avisa os saudosos de que os ausentes regressaram e que poderão matar as saudades! Olho para as restantes caras, não sou a única com medo...
Vejo um homem de fato escuro... que passou a viagem a olhar para fotos antigas e a imaginar um possível diálogo... sem um único sorriso e em momentos, poderia jurar que vi uma lágrima...
Saímos do comboio, os ausentes, e ali está a multidão de pessoas que nos esperam... Curioso, o homem de fato não tem ninguém à sua espera, apercebo-me de que ele é só agora um ausente. Um ausente que procura ser alvo de saudade... um ausente que deseja um regresso cheio de saudosos que o abracem e lhe digam que já chegou a casa e que tudo vai ficar bem!
Ausentes e saudosos vão-se abraçando e afastando da zona do desembarque...
Fica um espaço vazio... não está aqui ninguém. Pensei que estarias aqui, afinal enganei-me e o meu receio de voltar para o vazio era real! Não estás aqui... afinal não regressei a casa!
Baixo os braços para levantar as malas cheias de roupas e lembranças dos dias de ausência... quando ouço-te chamar por mim...
Atrasado como de costume... todo atrapalhado e ofegante... Apercebo-me aí que ainda sou aquela menina... sou aquela menina porque vou pular para o teu colo, beber o teu beijo e absorver o abraço...
Quando finalmente, nos encontramos... apenas sussuras bem baixinho: "bemvinda a casa forasteira... agora não voltas a ir embora! Afinal, esta é a tua casa e eu ainda sou o teu princípe"
Nunca um abraço teve este gosto e sentimento... finalmente estou em casa...
Água salgada... novas etapas
É final de dia, daqueles bem cor-de-laranja com um pedacinho de
cor-de-rosa, quentes e bem lentos! Permaneço levantada, com os pés enterrados na
areia...
Aqui relembro toda a minha história desde menina irreverente, a adolescente
tímida, jovem adulta inocente a adulta... Adulta sem qualquer adjectivo
qualificativo porque ainda é cedo demais para ter qualquer qualificação!
Lembro-me dos dias passados em casa dos meus pais, quando não passava
apenas da menina irreverente. Aquela menina que andava a passear pela casa de
meias até aos joelhos, dois rabos de cavalo no cabelo e a ausência de alguns
dentes no sorriso enorme e ingénuo! Acho que nessa altura, achava que iria
alcançar o mundo com o meu pequeno braço e a minha pequenina mão!
Sinto o frio tocar nos meus braços e não resisto a tentar dar um pouco mais
de calor com as minhas mãos... O sol está mais baixo e eu continuo a viajar nas
minhas lembranças!
Lembranças de uma adolescência de timidez, onde achava não conseguir falar
ao mundo e me refugiava em livros e páginas! Era a melhor aluna da turma, a que
não fazia asneiras e a que estava sempre em casa, respeitando completamente o
rótulo de menina de classe média, que tem sempre o melhor comportamento! O
problema residiu na curiosidade que começou a invadir os meus pensamentos nessa
altura e que foram crescendo ao longo dos dias e anos que passaram...
A jovem adulta ingénua nasceu aí e foi entregue ao mundo selvagem por sua
decisão e por sua conta... Sozinha enfrentou o desconhecido e desafiou o ainda
mais desconhecido... Chorou tantas vezes ao longo do caminho, mas, também, riu!
Aquela que foi descobrindo o corpo, seu e dos outros, nessa fase de tanta
ingenuidade! Onde acreditava em amor para sempre e de sempre... onde acreditava
em histórias de encantar para toda a gente...
Continuo aqui nesta praia... estou bem no meio e ao meu redor ouço e sinto
as pessoas em passadas largas... fugindo do sol que se põe e recebendo a lua bem
longe da areia e do mar!
Estou próxima das ondas rebentadas, inevitável por isso sentir a água
salgada tocar-me nos pés... aquecer-me a alma e fazer-me lembrar desta minha
vida de adulta...
Não sei de nada, não vi nada, não ouvi e poucos acreditam que tenha sentido
de verdade alguma coisa...Olho em direcção ao longe... aquele horizonte que o mar esconde no seu bolso... aquele sítio que sei que só pode ser um pouquinho melhor... Continuo sem saber nada e fico à espera que me respondam sobre o que é tudo isto...
Novo Capítulo... Tomatinha... Wendy... Princesinha... enfim... apesar de adulta, continuando a sonhar...