terça-feira, 5 de agosto de 2008

Praia deserta

Somos duas almas com dois corpos sentados nesta praia deserta... Há muito que esgotamos o diálogo e agora apenas resta este estranho silêncio. Silêncio ao qual nunca alguém se habitua... pelo menos em paixões não marcadas pelo conformismo a sentimentos vazios preservados apenas numa folha de papel!
A minha avó talvez se habituasse a este silêncio estranho nesta praia deserta. Eu simplesmente não consigo... Quero ouvir outra vez o riso descontrolado, a voz rouca de tanto discutir... a respiração ofegante depois daqueles longos encontros dos nossos corpos, onde a nossa mente queria saber descobrir novas coisas...
Acho que está na altura de levantar-me e andar para outra praia, talvez não tão deserta e muito mais barulhenta... o ruído ligeiro seria como música para mim! No entanto, faltam-me as forças embora saiba que mais cedo ou mais tarde, um de nós terá que o fazer...
Olho para ti e já nem sei que pensar... Não sei bem porquê mas não te reconheço e os teus traços parecem ter mudado com a tristeza e silêncio em que habitamos! Tentei quebrar este silêncio tantas vezes, mas a voz falhava ou simplesmente a minha mente não me deixava formular sequer um suspiro...
Já nem somos capazes de olhar... simplesmente estamos lado a lado, esperando que um dia um de nós tenha a coragem para decidir o fim deste estranho silêncio e acabar com esta nossa praia deserta!
Olhas para o relógio vezes sem conta e eu conto estrelas... Contas estrelas e eu olho para o relógio... Cada vez mais o silêncio e a distância são um fosso entre nós...
Talvez eu me levante agora... Talvez tu o faças... Talvez um dia este silêncio termine!

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